sábado, 28 de janeiro de 2012

AS PRISÕES NOSSAS DE CADA DIA

AS PRISÕES NOSSAS DE CADA DIA

Quando assistimos aos noticiários, lemos jornais e revistas e vemos documentários cinematográficos (como o filme "Justiça") sobre as prisões brasileiras, logo nos sentimos horrorizados com a visão de seres humanos amontoados, atrás de barras e com o olhar perdido, desanimado, em meio a sujeira e promiscuidade.

Essas prisões são um problema urgente que a sociedade, como um todo, precisa resolver, em nome da solidariedade e da justiça.

Mas há outras prisões que devem ser examinadas - também sem demora! Estamos nelas encerrados, sem que nos apercebamos disso! O mundo que nos cerca - com o nosso assentimento ou a nossa omissão - ali nos colocou.

Sobrevivemos em meio aos ditames da moda, a determinar o que vestimos, a dizer qual seria nosso peso ideal, como deve ser nossa aparência e até os lugares que iremos freqüentar... Outros escolhem as cores de nossos sapatos, informam os conceitos de beleza.

Passamos a nos preocupar em fazer o impossível: deter o tempo, em busca da juventude perdida, numa volta ao passado que nos rouba o presente e nos torna cegos para a realidade futura.

Perseguindo sem trégua os bens materiais, perdemos o tesouro maior: sensibilidade, amor, amizade, convivência ética, o trabalho realizado com satisfação, a paz interior. A ambição pelo dinheiro nos enfeitiça de tal modo que a ele sacrificamos o que vale muito mais: o tempo para ser, os momentos de amor, o processo de crescimento como pessoas.

Analisamos as instituições bancárias, entretanto, deixamos de refletir sobre a nossa vida e os nossos atos. A superficialidade não nos incomoda. Não sabemos quem somos, não nos conhecemos... Não entendemos nossos relacionamentos familiares - ou será que temos família?

Como bem denunciou o diretor de teatro Elias Andreato:

"Para o homem comum, olhar para dentro de si mesmo às vezes é uma tarefa quase impossível e tão complexa como observar a imensidão do cosmo.

Nem sempre temos disponibilidade, interesse, sensibilidade e, por que não dizer, aprendizado suficiente para exercer este mecanismo que a psicanálise percorre com maestria."

Ficamos presos ao telefone celular, ignorando as regras de cortesia, perturbando os que nos cercam, prejudicando, inclusive, o silêncio das igrejas e dos hospitais. Usamos o aparelhinho como se estivéssemos isolados, num deserto, a necessitar de socorro. O celular nos domina, controla a nossa conversa.

Algemados a nossos preconceitos, asfixiados por sentimentos de raiva, ódio, inveja e orgulho, sufocados por emoções que não ousamos confessar ou partilhar, vamos conduzindo mal a nossa vida. Nossos bens são motivos de exibição - não os adquirimos por necessidade, mas para mostrá-los...

São as prisões nossas de cada dia, das quais nós temos as chaves para que os portões se abram e nos devolvam à vida!

Que Deus nos conceda a força espiritual para iniciarmos o nosso processo de libertação - Ele nos criou para sermos livres. Não nos esqueçamos de que Jesus padeceu e morreu na cruz para nos salvar.

Essas prisões nossas de cada dia, que nos transformam em objetos aprisionados, verdadeiros "sepulcros caiados de branco", precisam ser destruídas por nós.

E cantaremos, no íntimo de nosso coração, com autêntica alegria cristã: Aleluia, aleluia!


Theresa Catharina de Góes Campos - www.theresacatharinacampos.com